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Renúncia e Ascetismo

Como acabar com o sofrimento

Renúncia e Ascetismo é a solução – Schopenhauer

Para Arthur Schopenhauer, a raiz de todo o sofrimento humano está na “vontade”, que ele descreve como uma força cega, irracional e incessante que impulsiona todos os seres vivos a desejar, buscar e consumir. Esse ciclo contínuo de desejar e nunca estar plenamente satisfeito cria o sofrimento, pois:

  • Quando desejamos algo, sofremos por não ter.
  • Quando conseguimos, o prazer é passageiro, e logo surge um novo desejo.
  • Se não há desejos, experimentamos tédio, outro tipo de sofrimento.

A solução para escapar desse ciclo, segundo Schopenhauer, é renunciar à vontade, e é aqui que entra o conceito de ascetismo.


O Que É Ascetismo?

Ascetismo é o estilo de vida baseado em renunciar aos prazeres materiais, desejos e ambições, muitas vezes em busca de um propósito espiritual ou filosófico mais elevado. Para Schopenhauer, isso não era apenas um exercício religioso, mas uma prática filosófica para atingir a paz interior.

  1. Abandono dos Desejos
    • A renúncia envolve não apenas evitar luxos ou prazeres físicos, mas também aprender a abandonar o apego emocional e os desejos mais profundos que nos fazem sofrer.
  2. Viver Simplesmente
    • Schopenhauer defendia uma vida de simplicidade, contemplação e introspecção. Quanto menos necessidades e desejos, menos sofrimento.
  3. Compaixão
    • Ele via a compaixão como um sinal de renúncia, porque, ao sentir empatia pelos outros, deixamos de pensar em nós mesmos e nos desconectamos da vontade egoísta.
  4. Caminho para a Libertação
    • O objetivo final da renúncia é libertar-se do ciclo incessante da vontade e alcançar um estado de serenidade e paz. Esse estado seria semelhante ao conceito budista de nirvana.

Exemplo na Vida Humana

Imagine alguém que se dedica completamente a acumular riqueza. Mesmo após alcançar o que parece ser “suficiente”, essa pessoa provavelmente desejará mais, acreditando que só será feliz com mais dinheiro ou status. Para Schopenhauer, isso é um exemplo claro de como a “vontade” nos escraviza.

A renúncia, nesse caso, seria abandonar essa busca incessante, aceitando que a felicidade não vem do desejo, mas do desprendimento.


Paralelos com Filosofias Orientais

As ideias de Schopenhauer têm fortes paralelos com o budismo e o hinduísmo, especialmente no que diz respeito ao conceito de renúncia. Por exemplo:

  • No budismo, a libertação do sofrimento (dentro do ciclo do samsara) vem do desapego e da prática da meditação.
  • No hinduísmo, a renúncia (vairagya) é essencial para alcançar a iluminação.

Schopenhauer encontrou inspiração nesses sistemas e adaptou-os para um contexto filosófico ocidental.


Críticas e Limitações

Embora a renúncia seja uma solução elegante em teoria, muitos críticos apontam que é difícil e, para muitos, insustentável na prática. Nem todos conseguem ou desejam abandonar os prazeres da vida. Além disso, alguns argumentam que os desejos podem ser uma força positiva, ajudando-nos a crescer e realizar objetivos.


Conclusão

Para Schopenhauer, o ascetismo não é uma negação da vida, mas uma maneira de transcender o sofrimento que a vontade impõe. É uma prática de aceitação e desapego que, se adotada, pode levar a uma forma de liberdade interior e serenidade. Embora desafiante, sua proposta continua a inspirar debates profundos sobre como viver uma vida significativa em meio às dificuldades da existência.

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